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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Escolhendo o Rebanho - Capítulo 2

Para o produtor iniciante, para se produzir leite é necessário primeiramente uma vaca e ele imagina que uma vaca é uma vaca e que todas dão leite, o que pode estar tecnicamente correto mas na verdade existem vacas de corte que dão leite apenas para garantir a sobrevivência e o bom desenvolvimento do bezerro e vacas de leite, que foram ao longo de gerações selecionadas pelo homem para que produzam  mais e mais leite. E o que se tem hoje são verdadeiras anomalias da natureza, vacas podendo produzir  80 ou mais litros de leite por dia. É muito comum vacas com  40 litros/dia em qualquer fazenda um pouquinho mais tecnificadas no negócio do leite.

Existem basicamente 2 raças de bovinos: Bos taurus taurusgado europeu, e o Bos taurus indicus, ou gado zebuindiano. Ambas raças sofreram intervenções para se especializarem na produção de carne ou de leite. Um exemplo: o Nelore uma espécie da  raça Zebu, foi trabalhado sempre no sentido de se ter a melhor produção de carcaça, de tal forma que o homem exagerou, pois a cada geração ela se tornou pior na produção de leite, sendo necessário dar um passo para trás,  pois as mães já não conseguiam dar o leite necessário para um bom desenvolvimento dos bezerros. Na outra linha temos o gado holandês, imbatível na produção de leite. 

No Brasil, as raças mais utilizadas na produção de leite, são a Holandesa e o Gir Leiteiro, que cruzadas entre si, geraram uma raça Brasileira chamada Girolando, que une a rusticidade do Gir com a produtividade do holandês. Quanto mais voltado para o Holandês, menos rusticidade e maior produção de leite e maior longevidade na lactação. Quanto mais voltado para o Gir, mais rusticidade, menor produtividade e lactações mais curtas.

O gado Gir e o Girolando com grau de sangue de no máximo de 50%, são  adequados para a produção de leite exclusivamente a pasto, o chamado leite verde. Já o Holandês e o Girolando com grau de sangue Holandês acima de 50% são indicados para sistemas mistos, com pastoreio na estação das águas e  confinamento na seca.

Produtores iniciantes que não dispõem de infra-estrutura para confinamento, cometem um erro muito comum, ao escolherem vacas mais voltadas para o holandês, esquecendo-se que na seca, sem alimentação adequada, elas vão definhar reduzindo drasticamente a produção de leite. E se nada for feito, provavelmente irão morrer de inanição.

Produtores mais precavidos, escolhem o tradicional 1/2 sangue ou mesmo vacas Gir. Outros, compram vacas baratas, o chamado tatu com cobra. Vacas mistas, frutos de cruzamentos de vacas neloradas com bois nelorados e que resultam num animal com sangue Gir, Nelore, e Holandês, o chamado triclós ou F2, mas esta é outra história. Normalmente, estas vacas amarra-cachorro produzem lactações com menos de 1500 litros em 300 dias ou média de 5 l/dia, enquanto que uma holandesa bem nutrida pode dar lactações de até 16 mil litros em 300 dias ou média de 50 l/dia.

Existe uma outra raça com um certo appeal entre os produtores, a Jersey, que são vaquinhas pequenas, que comem pouco e produzem relativamente muito leite e com alto teor de gordura e proteína, gerando preços melhores aos produtores, pois quanto maior a gordura e proteína maior a bonificação por litro de leite.

É muito comum o cruzamento do Jersey com o Holandês, gerando o  Jersolando. O produtor brasileiro tem um certo desejo incontido pelos cruzamentos entre raças, o que melhora algumas características e piora muitas outras. Mas verdade seja dita, a raça Girolanda é um sucesso, principalmente o 7/8, que é dócil e dá leite sem bezerros em longas lactações. E também o 1/2 sangue, com ótima aptidão para produzir leite a pasto, boa produção de leite e de coices no ordenhador.

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