Translate

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Por que os preços do leite caem - Mercado

Existe um motivo principal e vários secundários. O primeiro deles são as regras de mercado que dizem que havendo excesso do produto no mercado, seja por alta produção ou baixo consumo -o que acontece  numa economia em crise - os preços automaticamente caem e não há nada que possa ser feito para impedir isto.

Um fator determinante que se sobrepõe às leis do  mercado é o comportamento da indústria do leite no tempo. Conforme 
veremos no gráfico a seguir, a produção de leite é sempre crescente no mundo e se a produção cresce, os preços sempre irão cair. 
Portanto, o comportamento dos preços do leite será sempre variável,  com picos de altos e baixos,  algo que se repete ano após ano no Brasil e no mundo. Este aumento da produção de leite é devido basicamente ao aumento da produtividade e dos sólidos. Quanto maiores os níveis proteína e gordura, menos litros de leite precisam ser produzidos. E a indústria paga justamente para o produtor produzir mais sólidos e a consequência é a queda dos preços. 

Mas por que os preços caíram justamente na entressafra?

Bem, eu suspeito que os produtores são manipulados o tempo todo. Explico, sempre há um estímulo, um aumento do preço do leite quando muitos estão prestes a jogar a toalha e outros já desistiram da atividade. Como por milagre, os preços disparam a níveis muito acima dos preços internacionais,  iludindo mais uma vez  quem  pensava em abandonar o leite. E  ai quem chia é o consumidor  e  responde consumindo menos leite, o que leva a uma oferta maior do produto fazendo com que os preços do leite no mercado spot despenquem e a vaca do produtor mais uma vez vai para o brejo.

Em desespero, alguns produtores elevam mais ainda a produção para pagar as contas, o que só piora a situação do produtor, é claro.
Para os laticínios é uma maravilha, hora de produzir produtos longa vida como leite em pó, leite UHT e outros. E para quê? Para vender com altos lucros (às custas do  produtor ) na alta, quando os laticínios derem aquele estímulo revigorante aumentando o precinho  do leite para o produtor, o que faz os preços do leite nos  supermercados aumentarem muito mais, assustando o consumidor.

Lembrando que só uns 30% do leite produzido é vendido na forma de leite pasteurizado ou UHT. Os outros 70% são consumidos em queijos, iogurtes e uma infinidade de alimentos cujas fórmulas usam  leite. Felizmente, o leite é praticamente insubstituível em muitos casos, por aquelas bebidas vegetais que eles denominam erroneamente de leite e que estão fazendo um rombo em nosso mercado nos países desenvolvidos e mesmo aqui. Nem eu sabia mas, até minha esposa tem a receita para produzir leite de amêndoa e fica muito barato. Então, não subestimem o leite vegetal, ele já tem uma penetração razoável no Brasil mas distante ainda do que acontece nos EUA. E ali, apenas 25% de toda absurda produção é consumida na forma de leite pasteurizado.

Uma regra básica a ser seguida é que, se há uma alta brusca a queda será pior. Esteja preparado. Subiu o preço,  faça caixa, venda novilhas, bezerras, o que for possível. Sem fluxo de caixa positivo, uma queda no preço é desastrosa.

Se os preços subiram lentamente, a queda tende a ser menos brusca mas ela virá, tão certa como o nascer do sol, dia após dia.

É culpa do leite importado?

Nós produzimos 24 bilhões de litros de leite por ano e mais 10 bilhões de litros que não são fiscalizados. Importamos cerca de 200 mil toneladas de leite em pó,  ou 200 milhões de kg  que são convertidos em cerca de 2 bilhões de litros de leite. Isso representa quase 10% da produção de leite  fiscalizada  nacional. É significativo.  Seu efeito, suspeito,  é regular o preço do produto nacional. Esta é a principal razão do porquê ainda importamos leite, sabendo que temos condições até de dobrar nossa produção, mas os laticínios nāo querem nem pensar nesta hipótese, precisam trabalhar com as altas e baixas para realizar lucros futuros. Quando nosso leite estiver padronizado aí sim pensarão em exportar e talvez estimulem os produtores a produzir mais.

Acordo com Comunidade Europeia é prejudicial?

Confuso o acordo e somente será compreendido nos próximos 3 anos quando será detalhado.
Mas houve uma choradeira geral dos pecuaristas de corte mas nenhuma reclamação dos produtores de leite europeus. Isto é suspeito e facilmente explicável.
A Rússia importava maciçamente leite da Europa ocidental, mas os países do leste  europeu chiaram forçando a Rússia a comprar novamente  deles, tradicionais parceiros. Então a Europa está nadando em leite e fizeram dumping na Africa, vendendo leite ali abaixo do custo, e simplesmente destruíram a pecuária de leite africana. Um dos motivadores do acordo com o Mercosul foi a indústria do leite, mas com uma cota de 1 mil toneladas anuais  nem valeu o esforço. O Cone Sul, Argentina e Uruguai se deram bem e vāo continuar senhores de 99% de nossas importações

A parte maior seguramente vai passar aos EUA, no futuro acordo com o Nafta. Talvez aí o Cone Sul perca a pole position.


sábado, 23 de fevereiro de 2019

O Futuro dos Pequenos Produtores de Leite

O fim da Bolha das Commodities.

Desde 2004 houve uma variação espetacular nos preços das commodities, a chamada bolha que impactaram diretamente os produtores de leite que utilizavam o sistema de confinamento obrigando-os a buscar sempre a maior produção por animal, para terem lucratividade num cenário de  custos muito altos e   preços que,  embora tenham aumentado logo sofreram  as flutuações tradicionais colocando muitos em dificuldade, principalmente os pequenos com pouca capacidade de investimentos. Os maiores, em busca do lucro, trataram de produzir mais ainda o que se aumentava a lucratividade do negócio, por outro lado acabava colocando uma pressão de baixa nos proprios preços.

Nos EUA as coisas aconteceram de modo mais dramático que aqui, pois os produtores induastrias com mais de 1.000 vacas já estão produzindo quase 40% dos 90 bilhoes de litros produzidos anualmnete ali, ou seja produzem mais que o Brasil.. E eles são apenas 200, acreditem ou nao.

Os pequenos produtores de lá entraram em cloapso nos ultimos 3 anos com um custo de 40 cents por litro e recebendo apenas 30 cents. A maioria segue o mesmo modelo, com gado recebendo silagem e muito concentrado. Para piorar a situação Wallmart e Kroger entraram no processamento de leite deixando laticínios e produtores sem ter para quem vender em algumas regiões, levando a um alto índice de suicídios na zona rual pois nunca enfrentaram um paradigma destes.

O Brasil que tem alta disponibilidade de terras e ainda muitos produtores  produzindo como na India, uma média muito baixa com gado quase eminentemente a pasto, usando as mesmas técnicas de antigas gerações, conseguem sobreviver. Aqueles que possuem mais terras consorciando leite, corte e às vezes agricultura. Os de pouca terra, que usam técnicas semelhantes às dos grandes produtores se viram numa encruzilhada que resultou em grandes manifestações contrárias  às importações de leite, mas não é apenas este o problema.

Solução americana para os pequenos produtores

O papa da revolução na nutrição americana, o grande responsável pela altissima produtividade da vacas ali, em visita a Nova Zelândia ficou  encantado com o sistema empregado ali, com vacas quase que exclusivamente a pasto e média produtividade e boa lucratividade. E mudou sua maneira de pensar.

Claro que, para um produtor industrial  de mais de 2000  vacas, o sistema a pasto e mais complicado´e depende muito da diaponibilidde de água do clima mas, para os pequenos e médios ele se tornou interessante, principalmente com a onda do leite orgânico que começou lentamente na década de 90 e já fez com que 10 a 25% dos produtores americanos migrassem para a produção de leite a pasto. A vantagem lá ao contrário daquit é que, tanto o leite orgânico quanto o a pasto é muito melhor remunerado que o o leite tradicional de confinadores, que já sofrem uma campanha de depreciação de seu produto o qual é chamado de ralo, aguado.

O mesmo acontece com a carne produzida a pasto que custa 30% mais cara. Lá já existem cooperativas que só trabalham com produtores orgânicos.

E Wallmart e Kroger com suas plantas de processamento de leite que proibiram já proibiramp seus  produtores associados de usarem BST (Boostin ou Lactotropin) em suas vacas indicando uma migração gradual para o leite orgânico.

O Fim do Boostin e Lactotropin?

A somatropina desenvolvida pela Monsanto que sabiamente a vendeu para outro laboratório, desde  2008 conforme pesquisa realizada na Universidade do canadá, embora aumente em 16% a produção de leite também  aumenta em 55% os problemas de casco bem como a incidência de mastites e ai a coisa pega pois, o risco de de resitencia a antibioticos em humanos em vacas tratadas comproblemas de mastite e real e hospitais e os grandes varejistas simplesmente baniram o leite proveniente de vacas que recebiam BST.   Canadá, Nova Zelândia, Austrália e na maior parte da Europa já proibem o uso do BST.

Leite orgânico no Brasil

Ainda caro  para o consumidor de 5 a 6 reais o litro e vai atrair cada vez mais a população de alta renda e também os produtores ávidos por lucro.

Existe uma diferença basbás entre o pequeno produtor americano e o brasileiro. O americano tem a mesma vida árdua do brasileiro popor ele quer viver no campo mas não abre mão do  conforto, ou seja precisa produzir 5 a 6 mil Kg de leite por vaca em cada lactação. O brasileiro produz o que o pasto permite e vive de acordo mas, cada vez mais a vida no campo fica mais cara e logo tamtam o produtor brasileiro vai ter que utilizar técnicas que permitam a ele uma maior produtividade e consequentemente maior lucro. Os que não quiserem investir vão deixar esta atividade indo para cidades ou produzindo outras commodities na fazenda.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Futuro do Leite em Capítulos: Para onde vai o mercado

Desde a década de 80 o consumo de leite caiu 22% nos EUA, graças a invasão dos refrigerantes e outros produtos açucarados e hoje principalmente pelos leites vegetais e sucos  de frutas envasados  ditos naturais que, são muito nocivos. Um suco de fruta contem frutose (útil para fazer álcool, pinga ) que sem a fibra da fruta , tomado regularmente todo dia, torna o fígado gorduroso, esteatose  não alcoólica, podendo evoluir para hepatite e cirrose. Tudo em nome da saúde. O leite bombardeado pela industria, pelos médicos a serviço da industria, combatem aquele que é o único produto que ira suprir o cálcio para as pessoas pois, nosso corpo não fábrica cálcio.

No Brasil o consumo de leite ainda cresce, dependendo do crescimento do pais, sendo atualmente 1/3 dos EUA, país que já ingere 30% de leite vegetal, feito de um amontoado de subprodutos tipo cevada, coco, amêndoas, quinoa e  ervilha com a promessa de terem menos gordura e açucares que o leite de vaca. Mas todos sabemos que qualquer processo industrial de alimentos quando resolve um problema cria muitos outros que os consumidores só saberão daqui uns anos.

 A tabela abaixo significa que para cada ponto de crescimento no PIB da China, o consumo de leite  aumenta na ordem de 4.  A China consome hoje 57 lts per capita. Para atingir o consumo americano ela precisaria de mais 200 bilhões de litros ano, um potencial equivalente ao  da produção atual americana e 8 vezes maior que a produção brasileira.

Potencial de crescimento do consumo de leite por país.

É nestes mercados que os países exportadores de leite estão de olho e nós ignoramos graças a uma ajudinha de nossos laticínios a serviço dos países exportadores que tentam impedir que o Brasil se torne como na carne um país exportador e mais, o maior exportador mundial.

No Próximo Capítulo: O Futuro dos Pequenos Produtores

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Porque os preços do leite caem no final do ano?

1) Os produtores exclusivamente a pastos, sem nenhum concentrado, conhecidos como gigolôs de vacas que passam a seca produzindo quase nada, de repente, inundam o mercado com leite com as vacas turbinadas pelos verdes pastos;
2) Os Laticínios têm umas série de custos no final do ano como décimo terceiro salário, impostos e precisam equilibrar o orçamento e gerar resultados, às nossas custas claro;
3) Os varejistas e consumidores americanos preferem o leite HTST, que é envasado em galões de plásticos e dura uns 5 dias na geladeira. Os laticínios aqui, incutiram no consumidor brasileiro o hábito de preferir o UHT, que nem leite é mas, dura muito e permite a indústria estocar para vender na alta;
4) Os Laticínios aproveitam a baixa do leite do final do ano que eles mesmos inventam para produzir muito leite UHT para estocar e produzir derivados que serão vendidos na entre-safra, quando os produtores só a pasto praticamente param de produzir. Para os produtores que tentam produzir muito, a indústria paga na seca um sobrepreço, deixando os produtores felizes, incentivados e doidos para investir e produzir mais. E assim que a produção aumenta os preços caem e boatos são espalhados que é culpa do leite importado que, na verdade é importado o ano todo para que o Brasil nunca seja um exportador que perturbe o mercado da Europa, NZ, US e Canada. Preços estáveis e realistas poderiam transformar o Brasil no maior produtor mundial de leite rapidinho mas isto o mundo não quer;
5) Campanhas incessantes na mídia contra o leite de vaca fascinam e aliciam o mundo Fitness, os politicamente saudáveis, diminuindo ainda mais o consumo do produto e no final do ano as coisas pioram pois, a medida que o preço do leite sobe na seca os preços para o consumidor sobem muito nas prateleiras dos supermercados. O consumidor substitui o leite por outras bebidas menos saudáveis. Ironia do nosso mundo embalado por campanhas de marketing como as que transformaram o ovo em vilão e depois num dos alimentos mais saudáveis que existem. Mas  a China bebe muito pouco leite e é a esperança de todos exportadores e as terras do Brasil é a esperança dos Chineses produzirem aqui.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A Quem Interessa a Crise do Leite

É preciso identificar os verdadeiros responsáveis pela crise do leite pois, do contrário não vale a pena insistir.
Mapa do Leite no Brasil Resumido
O Brasil produz 35 bilhões de litros de leite por ano e a capacidade de nossa industria é de apenas 24 bilhões.
Então o que é feito com os 10 bilhões que a industria não pode processar?
Estes 10 bilhões são produzidos por 1 milhão de pequenos produtores para consumo próprio, produção de doces, queijos etc. São os produtores informais mas que não entram diretamente no negocio do leite inspecionado.
Os outros 250 mil produtores produzem 70% da produção total nacional ou seja cerca de 25 bilhões de litros.
Sendo que, apenas 82 mil produtores produzem cerca de 77% do leite inspecionado.

Crescimento do Mercado e da Produção - O Efeito Sanfona
O mercado do leite no Brasil cresceu nos últimos anos a uma media de 5,5% ao ano enquanto o leite processado cresceu a uma média de 4,4% ao ano e certamente não é porque o produtor não quis.
Para mim é claramente limitações de processamento da industria de laticínios. E o pior, a maioria deles com capacidade de processamento em leite UHT ou em pó bastante limitadas quando não inexistentes.
Para muito deles o negócio é vender o leite captado no mercado spot, principalmente para industrias multinacionais com interesses em mercados do leite noutros países também e são elas que definem os preços e a hora de importar e importam. Mais de 1 bilhão de litros, usados para baixar os preços pagos ao produtor e talvez para suprir o leite em pó que não conseguem processar.
A Nova Zelândia, um pequeno pais que faz 14 bilhões de dólares anuais em divisas no mercado mundial e é do tamanho de Tocantins e produz a mesma quantidade de leite fiscalizada que é produzida no Brasil, ou seja 23 bilhões de litros. Como eu disse os outros 10 a 12 bilhões produzidos no Brasil,  são de propriedades que produzem 10 a 20 litros para auto consumo.
Com uma diferença, no Brasil a média de produção por vaca é de apenas 1.500 litros e na Nova Zelândia, 4.100.

O Gigante Adormecido e a Política Colonial
Basta uma estruturação do setor, incentivos, capacitação tecnológica e de investimentos ao produtor que eles irão facilmente dobrar a média de produção por vaca, alcançando assim 50 bilhões de litros/ano transformando o Brasil no segundo produtor mundial. Mais da metade da produção americana.
Mas não basta produzir mais, aliás é loucura se a industria também não dobrar sua capacidade de processamento.
Mas interesses obscuros continuam promovendo a importação de leite em pó, quando deveríamos estar exportando.
Nosso negócio do leite sofre do mesmo efeito sanfona que acometia e ainda acomete a pecuária de corte de muitos produtores. O boi engorda nas águas e emagrece ou ganha pouco peso na na seca.
Esta politica colonial se estabeleceu no leite, por industrias gigantes do leite e a falta de visão de governos anteriores num negócio que cresceu mais que qualquer outro na agroindústria . Enquanto o PIB Brasil decaia o leite continuava crescendo 5,5% ao ano.
E nosso produtor tecnológico responde rápido e tem a capacidade ilimitada de produzir mais pois o que não falta neste país é vaca. Mas assim que ele se entusiasma e aumenta a produção na seca, logo tem que pisar no freio pois nas primeiras chuvas os preços caem sem tréguas e o leite importado entra sem maiores explicações.

Basta Proibir Importações?
Ajuda mas não resolve tudo, mas é necessário cotas. Não podemos permitir que Uruguai exporte a vontade só porque o regime do ex-presidente comunista e amigo de Lula recebeu este prêmio as custas do produtor nacional.
Outro problema é que, produtores não tecnológicos, que dispondo de muita terra e que produzem quase nada na seca, quando chegam as águas, com ausência de cotas, despejam no mercado todo leite que conseguem produzir, jogando o preço para baixo por excesso de oferta e ausência de cotas.
Uma politica de cotas e de estabilidade mínima nos preços do leite é necessária, isto é facilmente calculado usando a referência histórica de preços. Define-se uma média que é paga no ano todo sem as flutuações que levam a euforia e ao desespero.

Agora, a quem interessa continuarmos limitados ao mercado interno e pior, importando? Só se for a Nova Zelândia e outros países exportadores.

Brasil: o Futuro Maior Exportador de Leite do Mundo

A Nova Zelândia exporta 97% do leite que produz, o Brasil exporta míseros 0,1%. Na verdade importa mais que exporta.

Olhando o gráfico abaixo, de 2017, percebe-se que o Brasil possui um custo de produção por litro um pouco superior ao da Nova Zelândia mas ainda um dos mais baixos do mundo. Os Estados Unidos, o maior produtor mundial possui um custo de produção de 33% a 70% maior que o nosso ou da Nova Zelândia. E o Canadá, maior exportador de lácteos para os EUA, tem um custo imoral, aproximadamente 2 vezes maior que o Brasileiro. Sobrevive de uma pecuária leiteira extremamente organizada e com facilidades para exportar para os EUA. Produtores felizes com um plantel médio de 60 vacas, tão produtivas quanto as americanas. No entanto, os subsídios estão paulatinamente caindo e não há organização que resista a uma realidade adversa do mercado.

O Uruguai é o nosso Canadá, basta que EUA ou Brasil criem quotas para importação que o caos se estabelece na produção leiteira destes países. São países altamente vulneráveis assim como é a Nova Zelândia, por depender exclusivamente da exportação em sua lucrativa indústria de lácteos. Tudo que os países exportadores não querem é que o Brasil desperte e domine o mercado mundial assim como fez com o mercado de carnes. Mas isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde e é por isso que investidores daquele país já estão no Brasil produzindo e outros países só querem uma estabilidade mínima política para entrar aqui produzindo em alta escala.

Tanto Brasil quanto a Nova Zelândia estão aumentando seus custos de produção, com o aumento do uso de silagens e grãos num processo similar ao dos EUA que ainda nem de longe podem competir em produtividade.

Um caminho arriscado, se o produtor não estiver focado na produção e principalmente na redução de custos, utilizando substitutivos ou produzindo sua própria dieta. Propriedades pequenas não serão viáveis para a produção de leite nesta linha a curtíssimo prazo e mesmo produzindo a pasto terão dificuldades de sobreviver com o passar dos anos.

Crescer e Multiplicar

Para o produtor de leite que é jovem e quer participar deste futuro glorioso para o mercado do leite, é preciso investir gastando o mínimo. Produtores de sucesso aqui em Minas gastam uma ninharia comprando barracões de granja desativados e montam suas estruturas de compost barrn. Outros gastam uma fábula comprando tudo novo num negócio no qual o lucro se mede por centavos por litro. Um doce para quem acertar quem vai sobreviver.

Lembrem-se que em nada adiantará continuarem a ser pequenos pois o preço do leite sofrerá constantemente a pressão de baixa dos produtores industriais. A proibição das importações será um paliativo temporário mas o preço continuará caindo a longo prazo.

Pasto ou Semi-confinamento

Dez a 25% dos produtores de leite dos EUA já retornaram às pastagens, produzindo menos e lucrando mais. Nova Zelândia, Austrália, Irlanda, Uruguai nunca abandonaram as pastagens e produzem um leite com o menor custo graças principalmente as suas condições de clima. O que estes países sabem há muitos anos é o mesmo que a Embrapa e os EUA confirmam em seus estudos. Produzindo a pasto, os estudos dos EUA apontam para uma produção média de 6.000 kg vacas por lactação contra os 9.000 Kg do confinamento, no entanto, cada vaca gera uma receita de 100 dólares a mais na lactação. E o Brasil é riquíssimo e tem todas a possibilidades de produzir muito leite a um custo atrativo empregando pastagens irrigadas como a Nova Zelândia em suas plantas em Goias e Bahia ou um sistema misto, com pastejo no período de chuvas e confinamento na seca.

Conclusão:

1 - O Brasil se transformará no maior exportador de lácteos;
2 - A atividade será grandiosa mas não devemos nos iludir que bastará um banquinho um balde e umas vaquinhas;
3 - O leite em se tornando uma commoditie cotada em dólar, a pressão de baixa nos preços dos grandes produtores industriais vai impactar muito os pequenos. Ou produtor pequeno se prepara ou será uma luta desigual;
4 - O país passando a ser um player exportador, significa que teremos receitas e custos atrelados ao dólar e não somente os custos como acontece hoje;
5 - Mas o negócio é altamente promissor e os antigos modelos não servirão para muita coisa.

Agora, o governo vê o produtor de leite como um eterno chorão clamando por subsídios e restrições a importações mas o produtor não se atenta a mostrar ao governo que a atividade pode dar aquilo  que o governo mais precisa: dólares de divisas internacionais para combater seu deficit publico monstruoso. Um ministro da economia tende a não saber o que é uma vaca mas ele vendo as possibilidades fantásticas do novo negócio saberá juntamente com os produtores criar a estrutura de organização do setor para sermos mais rapidamente grande exportadores de lácteos . Do contrário será a eterna choradeira todo final de ano.

Paradigma Americano: a Industria do leite nunca mais será a mesma

Aprendi que, no Brasil as coisas acontecem com um pouco de atraso em relação ao mercado dos EUA, mas elas acontecem. Então,  acompanhei com atenção o que se passava por lá.
Em 1970 haviam 650 mil produtores de leite nos EUA, a maioria pequenos, menos de 100 vacas. Nos anos 2000 este número já havia despencado para 130 mil e a média de vacas ordenhadas subido para 150.
Em 2017 o número de produtores total  era de apenas 40 mil e quase quase todos eles com mais de 1000 vacas. Nascia um novo modelo de produzir leite, os produtores industriais ou comerciais.
Os pequenos foram vitimas de um  Modelo de Negócio Ultrapassado, dos empréstimos bancários e da pressão de baixa nos preços pelos grandes atacadistas.

Novo Paradigma: Wallmart e Krogers entram no processamento de lácteos

Estes dois gigantes do varejo americano não satisfeitos em tornarem o preço do leite mais baixo que a há dez anos atrás, caindo de 3,80 dólares o galão (3,6 lts) para $3,23 este ano, decidiram instalar modernas e gigantes fábricas de processamento de lácteos em pontos diversos dos EUA. A consequência disto foi que os produtores próximos as fábricas firmaram contratos com o Wallmart e Krogers, nos termos deles  e os mais distantes, receberam cartas das cooperativas, comunicando que não mais comprariam o leite deles.

Isto deixou os produtores e as próprias cooperativas sem receitas e os produtores ou encerraram as atividades ou estão vendendo as últimas vacas para os frigoríficos e se derem sorte, para algum produtor de leite para pagarem as contas.

Os produtores que recebiam $1,32 por galão gastando $1,92 e a quatro anos estavam no negativo no leite,  invocaram a falência coletiva da categoria e foram aconselhados a venderem tudo o mais rápido possível. 

Os Produtores Que Resistem
Produtores corajosos, com capacidade de investir, ou coragem de assumir financiamentos, estão partindo para adaptação a nova realidade. Instalando unidades de engarrafamento e o pior, querendo fazer aquilo que nunca se fez na produção do leite. Vendê-lo para restaurantes, pequenos varejistas ou até para o consumidor final como acontece na Alemanha e Inglaterra.
Pessoalmente acho uma estratégia suicida. Leite é perecível ou você vende ou perde a produção. Americano não bebe este leite UHT que, não é exatamente leite, o preferido dos brasileiros. O leite americano vem em galões de plástico e dura no máximo uns 6 dias, um processo  chamado HTST, intermediário entre o "leite de saquinho" e o UHT. Acho que é para incentivar o consumidor a consumir. Aqui o brasileiro deixa o UHT dias e dias (não pode) na geladeira e os laticínios adoram pois, podem produzir e estocar na baixa e vender quando os preços forem às alturas. Lucro certo às custas do produtor.

No Canadá Acontece o Oposto que nos EUA
Os produtores Canadenses vivem numa boa, com o sistema de cotas definido pelo governo , barreiras a importação e um órgão regulador da atividade que tem a participação inclusive de produtores cabendo a ele a decisão dos preços, das cotas de produção e mesmo taxação das importações. 
Trump está furioso mas a simples imposição de barreiras a importação Canadense vai destruir os produtores do vizinho e em nada mudar no mercado dos EUA, já consolidado com produtores industriais, verdadeiras empresas com acionistas.  Uma informação: o custo de se produzir leite no Canadá é um dos mais altos do mundo. Acho que o leite é estratégico para o país manter ocupado os campos gelados dos país. Subsídios bem camuflados na exportação. O consumidor Canadense paga caro no leite mas, tudo bem a atividade e importantíssima para o pais.
Argentina e Uruguai são o nosso Canadá. Eles exportam a vontade mas como não têm mercado consumidor não importam nada do Brasil e quem paga o pato somos nós produtores.
Até que as possibilidades do leite sejam compreendidas pelo governo e mesmo produtores a unica opção que resta ao produtor é, baixar seus custos de produção e crescer. E isto não é nada fácil.
Os americanos apesar de reduzirem os produtores a míseros 40 mil estão produzindo mais leite que nunca mas foram, digamos, ludibriados por um secretário do Governo Nixon que os incentivou a produzirem ou desaparecerem,  com vãs promessas de exportações que ficaram nas promessas.



Fontes: USDA, Feastmagazine, NBC News